Foi Diagnosticado

Foi diagnosticado

A Esclerose Tuberosa é uma doença autossómica dominante com uma incidência de 1 em 6.000.

Clinicamente a Esclerose Tuberosa pode manifestar-se por crises convulsivas, tumores do coração, dos rins e do sistema nervoso central (cérebro e retina), angiofibromas faciais (tumores avermelhados semelhantes ao acne), fibromas ungueais (tumores debaixo das unhas), máculas hipopigmentadas (manchas brancas na pele).

É uma doença Crónica que afecta cada indivíduo de maneira diferente sem padrões estandardizados.

 

Quantas pessoas sofrem de ET?

Pelo menos duas crianças por dia nascem com esclerose tuberose. As últimas estimativas são de 1 em cada 6 mil. Em Portugal estima-se que existam cerca de 1500 pessoas com ET e cerca de 1 milhão de pessoas em todo o mundo. Existem muitos casos não diagnosticados devido à complexidade da doença e sintomas ligeiros podem surgir em alguns indíviduos. A ET é tão comum como a DLG (Doença de Lou Gehrig) mas praticamente desconhecida da população em geral.

 

Como desenvolve um indíviduo a ET?

A esclerose tuberose é transmitida geneticamente ou surge como uma mutação genética espontânea. As crianças têm 50% de hipóteses de nascerem com ET se um dos progenitores tiver a doença. Actualmente, apenas um terço dos casos de ET são de origem hereditária. Acredita-se que os restantes dois terços sejam resultado de uma mutaçao espontânea. A causa destas mutações constitui ainda um mistério.

Se um dos progenitores sofrer de forma ligeira de ET, o filho com ET poderá também ser apenas ligeiramente afectado?

Pessoas com esclerose tuberose ligeira podem ter filhos que sejam afectados mais gravemente. De facto, algumas pessoas sofrem da doença de forma tão ligeira que poderão apenas descobrir que são portadores da doença após o seu filho ser diagnosticado com ET.

 

Quais os genes responsáveis pela ET?

Foram identificados dois genes que podem causar esclerose tuberose. Basta que apenas um desses genes esteja afectado para que a ET se manifeste. O gene da ET, TSC1, está localizado no cromossoma 9 e é conhecido como gene hamartino. O outro gene, TSC2, localiza-se no cromossoma 16 e é denominado gene tuberino.

 

Os tumores são cancerígenos?

Os tumores resultantes da esclerose tuberose não são cancerígenos, mas podem provocar problemas graves. Os tumores que crescem no cérebro podem bloquear o fluxo de fluido espinal cerebral nos espaços (ventrícolos) do cérebro. Isto poderá conduzir a alterações de comportamento, náuseas, dores de cabeça e outros sintomas.

No coração, os tumores são habitualmente maiores por altura do nascimento e depois diminuem de tamanho à medida que o indíviduo fica mais velho. Estes tumores cardíacos são denominados rabdomiomas cardíacos e podem provocar problemas no nascimento se estiverem a bloquear o fluxo de sangue ou ainda causar problemas graves de arritmia. Os tumores nos olhos não são tão comuns mas podem causar problemas se crescerem e bloquearem demasiado a retina. Os tumores no rins (angiomiolipoma renal) podem ficar tão grandes que prejudicam completamente a função renal normal. No passado, esperava-se que o doente apresentasse falha renal. Hoje em dia, os medicos são mais agressivos e removem os tumores antes que fiquem, demasiado grandes e comprometam o tecido saudável dos rins. Raramente alguns indíviduos com ET (menos de 2%) desenvolvem tumores malignos (cancerígenos) nos rins.

 

Qual é a esperança de vida normal para indíviduos com ET?

A maior parte das pessoas com ET tem um tempo de vida normal. Poderão exirtir complicações nalguns orgãos, tal como os rins e cérebro, que podem levar a dificuldades graves ou mesmo morte se não forem tratadas. Para reduzir estes perigos, as pessoas com ET devem ser monotorizadas durante toda a vida pelo seu médico para detecção de possíveis complicações.

 

Recomendações 2012 da International TSC Clinical Consensus Conference

 A esclerose tuberosa (ET) é uma perturbação genética que pode afectar quase todos os sistemas de órgãos, mas as manifestações da doença variam extensamente entre indivíduos e algumas podem ser potencialmente fatais. As apresentações diversas e variadas e a progressão da ET constituem um desafio para uma gestão de cuidados de saúde óptima, com um impacto significativo nos custos e na qualidade e vida. Este documento apresenta uma breve resumo das últimas recomendações de consenso para a monitorização e tratamento de indivíduos com ET. Os médicos podem consultar a página www.tsalliance.org/consensus onde se encontram as orientações actuais completas.

 

RECOMENDAÇÕES PARA PESSOAS COM DIAGNÓSTICO DE NOVO

Recomendações para novos diagnósticos em qualquer idade

• Analisar as três gerações mais próximas do doente (irmãos, pais e ou filhos ou avós). Deve ser realizado teste genético para aconselhamento familiar ou sempre que existam dúvidas relativamente ao diagnóstico de ET.

Realizar ressonância magnética (RM) ao cérebro para identificar possíveis astrocitomas de células gigantes subependimários (SEGAs), nódulos subependimários (SENs) e tuberosidades.

Fazer uma avaliação de doença neuropsiquiátrica associada com ET (TAND), uma nova terminologia para descrever as características inter-relacionadas comportamentais, intelectuais e neuropsiquiátricas mais frequentes na ET.

Obter um electroencefalograma (EEG) inicial de rotina; caso o EEG seja anómalo, e em especial se estão presentes características de TAND, avançar para EEG de 24 horas para procurar actividade subjacente convulsiva.

Realizar RM do abdómen para procurar possíveis angiomiolipomas ou quistos renais. Devem ser avaliadas a função renal (taxa de filtração glomerular, ou GFR) e pressão arterial.

Realizar exames dermatológicos e dentários para verificar anomalias cutâneas ou dentárias frequentemente associadas com a presença de ET.

Obter um electrocardiograma (ECG) de rotina para verificar ritmo cardíaco anómalo. Obter um ecocardiograma para avaliar a função cardíaca e a presença de rabdomiomas (especialmente em crianças com menos de 3 anos).

Realizar um exame oftalmológico para detectar possíveis problemas visuais ou anomalias da retina.

Recomendações adicionais para bebés e crianças com menos de 3 anos

Informar os pais e outros cuidadores de crianças com menos de 3 anos sobre como detectar espasmos infantis e o que fazer caso suspeitem que a criança está a ter um espasmo. 

Está disponível uma descrição e vídeo em www.tsalliance.org/infantilespasms.

 

Recomendação adicional para adultos diagnosticados recentemente (com mais de 18 anos)

Realizar testes de função pulmonar inicias e tomografia computorizada de alta resolução (HRCT) em mulheres adultas com mais de 18 anos para verificar a presença de linfangioleiomiomatose pulmonar (LAM). As mulheres mais novas e os homens só devem ser avaliados neste campo caso haja manifestação de sintomas clínicos que levantem suspeitas de LAM (como tosse crónica inexplicada, dor torácica ou dificuldades respiratórias).

 

RECOMENDAÇÕES PARA INDIVÍDUOS COM DIAGNÓSTICO DE ET

Recomendações para indivíduos de qualquer idade

Propor testes genéticos (caso ainda não tenham sido realizados) e aconselhamento familiar aos indivíduos afectados após chegarem à idade fértil.

Obter EEG em indivíduos com convulsões conhecidas ou presumíveis. A duração e frequência do EEG deve ser determinada de acordo com a necessidade clínica e não por tempos pré-definidos.

Tratar as convulsões que não sejam espasmos infantis do mesmo modo que outros tipos de epilepsia. Em indivíduos com ET e convulsões resistentes a anticonvulsivantes habituais, pode ser benéfica uma dieta cetogénica/com baixo teor glicémico, estimulação do nervo vago e cirurgia para a epilepsia.

Verificar sintomas de TAND em cada consulta. Todos os achados relevantes devem levar a uma avaliação mais detalhada e tratamento. Além disso, deve ser feita uma avaliação formal comportamental, intelectual e neuropsiquiátrica pelo menos uma vez durante cada uma das principais fases de desenvolvimento : 0-3 anos, 3-6 anos, 6-9 anos, 12-16 anos e 18-25 anos. Os sintomas de TAND devem ser tratados com uma estratégia de associação entre intervenções farmacológicas e não farmacológicos, individualizadas para cada perfil específico de TAND de cada doente.

Realizar RM do cérebro a cada 1-3 anos até aos 25 anos mesmo em indivíduos assintomáticos para monitorizar o aparecimento ou progressão de SEGA. A frequência da RM deve ser aumentada caso a dimensão ou o seu aumento o justifique. Os adultos com SEGA na infância podem continuar a necessitar de RM periódicas. Sempre que há sintomas ou acumulação de fluido no cérebro, o tratamento preferencial é a remoção cirúrgica se possível. Um crescimento assintomático pode ser tratado com cirurgia ou inibidores mTOR.

Obter RM abdominal a cada 1-3 anos para monitorizar a progressão renal e não renal da ET.

Verificar a pressão arterial e a taxa de filtração glomerular pelo menos uma vez por ano. Tratar os angiomiolipomas associado com hemorragias agudas por embolização vascular e corticosteróides. Os angiomiolipomas sem hemorragia aguda com mais de 3 cm de diâmetro
devem ser tratados com um inibidor mTOR como terapêutica de primeira linha para prevenir o crescimento continuado e as hemorragias; embolização e corticosteróides ou ressecção evitando o rim constituem terapêuticas apropriadas de segunda linha.

Exame cutâneo anual para novas lesões ou agravamento de lesões associadas com a ET. As lesões graves ou problemáticas podem ser tratadas por cirurgia, laser, ou inibidores mTOR tópicos.

Realizar exame dentário duas vezes ao ano por dentista experiente com reconhecimento e gestão de problemas dentários frequentes na ET.

Realizar um exame ocular e de visão detalhado todos os anos em indivíduos com lesões na retina previamente identificadas ou novas queixas visuais ou preocupações. Os doentes tratados com vigabatrina devem ser submetidos a avaliações oftalmológicas periódicas.

Obter um ecocardiograma a cada 1-3 anos em indivíduos com rabdomiomas cardíacos previamente identificados até à sua regressão/estabilização.

Obter um ECG a cada 3-5 anos para verificar problemas com a actividade eléctrica cardíaca. Recomendações para bebés e crianças com menos de 3 anos.

Tratar espasmos infantis com vigabatrina como primeira linha. Pode ser usada hormona adrenocorticotrófica (ACTH) como terapêutica de segunda linha.

 

Recomendações para adultos (com mais de 18 anos de idade)

Realizar exame clínicos para sintomas de ET, incluindo dispneia de esforço e falta de ar, em cada consulta.

• Obter um HRCT a cada 5-10 anos em pessoas assintomáticas com risco de LAM (todas as mulheres com mais de 18 anos e homens ou mulheres de qualquer idade que apresentem sintomas clínicos que levantem a suspeição). Doentes com LAM já identificada devem fazer um HRCT com maior frequência (a cada 2-3 anos) para monitorizar a progressão da doença.

• Obter um teste de função pulmonar anualmente em doentes com LAM já identificada ou se surgirem novas dificuldades respiratórias ou motivos de alarme em pessoas anteriormente assintomáticas com risco de LAM.

 

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